Nas eleições 2020, o PCdoB deve lançar candidatos a prefeitos em São Paulo, Campinas, Sorocaba, Taboão da Serra e outras cidades paulistas, além de priorizar a eleição de vereadores na capital e em cidades “com segundo turno”. Por trás dessa tática, aprovada no sábado (23), na Conferência Estadual do PCdoB-SP, está um objetivo estratégico: viabilizar, em 2020, condições para superar os desafios das eleições gerais de 2022, o que inclui o lançamento de uma candidatura comunista à Presidência.

A Conferência contou com a participação de cerca de 350 camaradas, sendo 277 delegados, de 84 municípios. Caberá à nova direção partidária, presidida por Rovilson Brito, conduzir o PCdoB-SP no biênio 2019-2021, atravessando, assim, as eleições municipais do ano que vem.

“O projeto eleitoral do PCdoB-SP vincula claramente os pleitos de 2020/2022. O ponto de chegada é constituir chapa própria de deputados federal e estadual em 2022, contribuindo para que o Partido nacionalmente ultrapasse a cláusula de barreira de 2%”, indica a resolução. Por isso, outro objetivo dos comunistas será “projetar um grande número de lideranças eleitorais para 2022”.

O horizonte dessa tática passa por fortalecer o campo democrático-progressista e vencer o bolsonarismo nas urnas: “Nosso Projeto Eleitoral impõe o desafio de o Partido disputar de maneira mais ampla e aberta o voto e a consciência de amplas parcelas dos trabalhadores e do povo, visando criar condições para que em 2022 possamos apresentar candidatura própria à Presidência da República e contribuir para a derrota da extrema-direita”.

Leia abaixo a íntegra da resolução:

PCdoB-SP
RESOLUÇÃO ELEITORAL 2020

1. O quadro nacional revela uma grande instabilidade política, que tem seu dínamo nos conflitos gerados pelo governo Bolsonaro e pelo seu projeto antidemocrático, antinacional e antipopular. Há um crescente descontentamento na população com o desemprego, a perda de direitos e a ampliação da miséria. Bolsonaro aposta na polarização e radicalização, para isolar a esquerda e neutralizar parte importante da população e do espectro político. Nossa tática visa resistência ativa e acumulação de forças; amplitude para isolar o bolsonarismo; sagacidade para explorar todas as contradições das mais diversas forças com o Presidente e seu esquema de poder.
2. As eleições 2018 foram marcadas por uma onda de negação da política; novos instrumentos usados na disputa (redes sociais, manipulação de dados); e por uma correlação de forças bastante desfavorável para nosso campo. Em grau distinto, estes elementos tendem a permanecer no cenário de 2020.3. O projeto eleitoral do PCdoB/SP vincula claramente os pleitos de 2020/2022. O ponto de chegada é constituir chapa própria de deputados federal e estadual em 2022, contribuindo para que o Partido nacionalmente ultrapasse a cláusula de barreira de 2%. O ponto de partida é em 2020 enfrentar o principal entrave: a proibição de coligação proporcional, que terá imenso impacto no nosso projeto. Partindo deste limite legal, teremos que montar chapas completas para concorrer à vereança nos municípios, o que estabelece um novo grau de dificuldade para o Partido.

4. Nossos objetivos devem ser: eleger vereadores a partir dos grandes municípios; concorrer com candidatura própria majoritária nas cidades principais, em especial na capital, e naquelas em que há retransmissoras de TV; conquistar espaços no legislativo e executivo que potencializem a atuação partidária; projetar um grande número de lideranças eleitorais para 2022.

5. A batalha municipal comporta um leque amplo de alianças. Para o pleito de 2020, o PCdoB trabalha para ter uma ampla mesa de negociação, que vai de nossos aliados mais próximos como PDT, PSB, SD, Avante, PT, PSOL, REDE, até legendas com as quais temos relações democráticas e mais pontuais. Ficam de fora de nosso campo de alianças essencialmente as legendas de extrema direita: PSL e Novo e a legenda de Bolsonaro. Todas as alianças municipais deverão ser avaliadas e autorizadas pela Direção Estadual do Partido.

6. O descontentamento popular e as contradições entre direita e extrema direita abrem a possibilidade para que o Partido avance e atinja seus objetivos. Precisamos fazer um amplo movimento eleitoral de politização de nosso povo. Devemos ter uma ação decidida de ampliação de nossas fileiras para a disputa eleitoral, promovendo filiações democráticas, atraindo de maneira mais ampla personalidades progressistas para concorrerem pela legenda 65.

7. Precisamos entender a construção do projeto eleitoral DENTRO DO ESFORÇO DE RENOVAÇÃO DE NOSSAS LINHAS DE ESTRUTURAÇÃO PARTIDÁRIA, que pressupõe, entre outros elementos: nitidez de nosso lugar político, identificação dos setores fundamentais para nossa construção, fortalecimento e renovação de lideranças sociais, melhor funcionamento da vida democrática e permanente do Partido desde as Bases até os Comitês partidários, etc.

8. São PRIORIDADES do PCdoB nas eleições 2020: a) Eleição de bancada de vereadores na Capital; b) Eleição de vereadores nas cidades com segundo turno, a começar por aquelas em que já temos mandato; c) Trabalhar com centralidade a campanha de candidato próprio a Prefeitura da Capital; d) Impulsionar candidaturas majoritárias nas cidades de Campinas, Sorocaba e Taboão da Serra. Criar condições para lançamento de candidatos a prefeito em Guarulhos, Santos, Praia Grande, São José do Campos, Taubaté e São José do Rio Preto; e) Trabalhar com afinco para viabilizar a eleição de prefeitos em cidades de pequeno e médio porte, como Atibaia, Batatais, Tanabi, entre outras. e) Eleição de vereadores nas demais cidades com mais de 100 mil habitantes, a começar por aquelas que já temos mandato. f) Reeleição de nossos atuais vereadores no conjunto do Estado.

9. A questão material e financeira será decisiva. Precisamos de criatividade, iniciativa e entendimento coletivo do problema para viabilizarmos nosso projeto. O Fundo Eleitoral do Partido é restrito e atende às prioridades nacionais. Mesmo com atenção importante para São Paulo, a contribuição do Fundo será limitada.

10. Precisamos trabalhar com decisão para garantirmos a presença numérica e qualitativa de mulheres em nossas chapas, não simplesmente por imposição das regras, mas por compromisso político e estratégico. Como destacou o Encontro Nacional Sindical do Partido, precisamos elevar a intervenção eleitoral de nosso trabalho sindical, com candidaturas que expressem claramente o compromisso com os trabalhadores. Nossas frentes juvenil, antirracista e comunitária precisam também debater como contribuir efetivamente, lançando candidaturas, ocupando espaço de disputa política.

11. Nosso Projeto Eleitoral impõe o desafio de o Partido disputar de maneira mais ampla e aberta o voto e a consciência de amplas parcelas dos trabalhadores e do povo, visando criar condições para que em 2022 possamos apresentar candidatura própria à Presidência da República e contribuir para a derrota da extrema direita.


São Paulo, 23 de novembro de 2019

A Conferência Estadual do PCdoB-SP

Edição: André Cintra