Em transmissão pelas redes sociais, a presidente nacional da União da Juventude Socialista (UJS), Carina Vitral, lançou nesta quinta-feira (28/5) a pré-candidatura feminista que disputará vaga à Câmara de vereadores de São Paulo pelo PCdoB. É a primeira vez que o Partido terá a experiência de uma candidatura coletiva na capital paulista.

Compõem o grupo Claudia Rodrigues, a Claudinha, profissional de Educação Física, presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM) no município; Camilla Lima, moradora da Vila Fundão, professora da rede estadual no Capão Redondo e ativista cultural na Zona Sul; e Nayara Souza, estudante de Publicidade e Propaganda que presidiu a União Estadual dos Estudantes (UEE) e atualmente dirige a UJS no estado de São Paulo.

Suplente de deputada estadual e presidente da União Nacional dos Estudantes à época do impeachment de Dilma Rousseff, Carina lidera o time de mulheres com extensa trajetória de ativismo como a Primavera Feminista e o movimento #EleNão!, entre outras jornadas de luta pelo empoderamento feminino, por uma sociedade sem machismo e sem preconceito.

“Eu e minhas companheiras de resistência contra o fascismo entendemos que a nossa luta, feita nas ruas, praças, bairros, escolas e faculdades precisa transbordar para os espaços onde decisões políticas são tomadas, como a Câmara de Vereadores, por isso nos lançamos a essa disputa”, diz a pré-candidata.

“Por muitos anos nós trilhamos caminhos em busca de democracia para o país, por direitos coletivos e individuais, por igualdade e justiça social e por uma vida digna à maioria da população, e agora temos o maior dos desafios, derrotar o perigo bolsonarista, que destruiu a estabilidade democrática e afunda o Brasil na pior crise de sua história”, acrescenta Claudia Rodrigues.

Chamada de “Encontro com Elas”, a reunião virtual teve participação de Manuela D’Ávila, que vai concorrer à prefeitura de Porto Alegre, de Orlando Silva, pré-candidato a prefeito de São Paulo, Nádia Campeão, que foi vice-prefeita da capital, e mais de 340 amigos e outras pessoas interessadas em conhecer as ideias do coletivo.

Ao chamar a atenção para a importância da eleição municipal, Manuela ressaltou que a bancada coletiva feminista “é a antítese da política de ódio do Bolsonaro”. Segundo ela, as mulheres “carregam a ideia da solidariedade, o oposto do individualismo que nos leva a viver a pandemia em condições tão desiguais”.

Também disse que “é possível reconstruir a democracia a partir do lugar em que nós vivemos, porque as pessoas tomarão desgosto por Bolsonaro muito mais pelo que ele provoca na rotina das cidades, a violência, o desemprego, o Estado que não protege e a ideia de que cada um se vira, isso é o bolsonarismo no cotidiano”. Para ela, o bolsonarismo, “além do enfrentamento político em torno da democracia e da manutenção das liberdades democráticas e das instituições, é um projeto econômico que impõe consequências horrendas à vida do nosso povo”.

Na mesma linha de raciocínio, a pré-candidata Nayara Souza entende que as eleições municipais são uma possibilidade de transformação da política. “Nós, mulheres, que somos linha de frente na luta contra Bolsonaro, precisamos caminhar rumo a um Brasil e uma São Paulo livres do fascismo e das mazelas sociais, queremos governos e Parlamento que zelem pela vida das pessoas, pela saúde pública, educação acessível e de qualidade, por emprego e dignidade à juventude, aos trabalhadores e à ampla parcela feminina que compõe a nossa população.

Outra integrante do grupo, Camilla Lima diz que neste momento de pandemia em que a solidariedade aflora no país, “ao mesmo tempo que a desigualdade social se escancara, não podemos descrer na política, nem tampouco pensar que as pessoas comuns não devem ocupá-la”. Ela reafirma a visão de que é necessário levar as lutas da periferia para os espaços de poder para que, “da ponte pra cá, a vida tenha mais dignidade”, referindo-se à realidade dos bairros mais afetados pela pobreza, quase sempre esquecidos nas grandes decisões de governo, principalmente na formulação das políticas públicas.

Orlando Silva, relator de uma medida provisória que estava em votação na Câmara dos Deputados no momento da reunião da bancada feminista, deixou o plenário para dizer que o PCdoB está formulando um projeto para a cidade que priorizará as regiões e as pessoas que mais precisam da ação do poder público. “Nossa proposta vai captar a energia poderosa que a periferia produz, na economia solidária, nos arranjos produtivos, no empreendedorismo cultural e social”.

Ele diz que o objetivo é “nutrir o programa com a cultura, as tradições e a capacidade de trabalho e de iniciativa da periferia”, na perspectiva de “dar voz ao povo, à quebrada, à nossa gente”. E finalizou afirmando acreditar que “a candidatura coletiva vai arrebatar o coração de muita gente”.

De São Paulo,
Sueli Scutti